segunda-feira, 29 de outubro de 2012

265/365 E advinha quem publicou sem título?

(foto em cores originais)

Olá! Tudo bem com vocês? A foto de ontem foi uma pilha de livros mas o dia do livro é hoje, engraçado né? Eu não estava sabendo então nem preparei nada especial mas por razões que podem ser chamadas de coincidência ou destino, a foto de hoje é a porta do meu quarto na minha hora favorita do dia: a golden hour.

"Eram quase 7 horas da noite e eu ainda estava presa naquele trânsito infernal, pelo menos, estávamos no horário de verão, curtindo um final de tarde dourado no final de novembro. Desde criança, eu era apaixonada por esse período de transição entre o Sol e a Lua. Todos os meus amigos preferem o nascer do Sol mas sinto muito mais prazer e alegria no coração em presenciar o último pôr-do-Sol do ano do que seu nascer dia 1º de Janeiro.
Enquanto divagava sobre minhas preferências e batia no volante no ritmo da música que ecoava em meus alto-falantes, espiei pelo canto do olho o carro ao lado e percebi que estava sendo observada; como é de praxe, endireitei a coluna e tentei parecer o mais normal possível mas aquela era a minha música favorita então devo ter pago muito mico (sabe Deus a quanto tempo estava sendo observada!) então desisti e me contentei apenas em abaixar o volume e em espiá-lo de vez em quando -quando minha abençoada visão periférica me alertasse de que era seguro e eu não encontraria um par de olhos arregalados me encarando.
Quando ele virou para a frente batendo de forma impaciente no volante, aproveitei minha chance para realmente avaliar meu observador. Como estava sentado (obviamente!), não sei dizer se era alto ou baixo mas parecia ter uma estatura mediana e assim estava bom para mim, não devia passar dos 20 anos, estava com a barba por fazer, olhos castanhos meio abobados e cabelos escuros com cachos rebeldes se formando nas pontas, usava uma camiseta preta com gola V e um relógio grande e prateado pendendo no pulso (não sou uma grande fã do ato de usar relógios mas acho interessante homens que os usam, não sei explicar a razão). Me distrai por tempo demais em admirar meu admirador e nossos olhares acabaram se encontrando, como é da minha natureza, fiquei muito vermelha e apertei o volante com força e juntei as sobrancelhas para fingir que estava apenas prestando atenção no trânsito -que, para o meu azar, estava completamente estagnado então não pude ao menos colocar o carro para frente o suficiente para separar nossas janelas.
Percebi que não poderia mais evitar, abaixei ainda mais o volume da minha querida música e o encarei apertando os lábios. Fiz toda essa pose em vão porque ele estava batendo no volante como quem queria morrer e esbravejava sobre o quanto era idiota -era uma cena patética mas não me fez rir, apenas curvar os lábios em um sorriso sincero- como qualquer outra pessoa, ele percebeu que estava sendo observado e se virou envergonhado, mal sustentando meu olhar, tomou folego, abriu os lábios com movimentos calculados e disse:
_Oi.
Simples assim.
_Oi. _respondi da mesma forma, ambos parecendo desconfortáveis com a situação constrangedora mas com um brilho no olhar que motivava continuar a conversação fraca.
_Olha, não ache que eu sou um idiota, bem, isso talvez eu seja mas, não ache que eu sou um perseguidor mas eu já te vi antes e, bem... _Ele parou e repetiu para si mesmo o mantra "idiota!" até respirar fundo e continuar_ Am, eu sempre quis falar com você, oi!
Eu sorri com a situação que estava ultrapassando os limites da estranheza conhecidos por moi mas me mantive dispersa e respondi de forma descontraída enquanto sustentava meu olhar no dele -era apenas um desconhecido, não tinha nada a perder.
_Oi! Hm... bom... a quanto tempo faz esse... "sempre"?
Ele corou instantaneamente e respondeu de forma rápida e assustada:
_Não faz muito tempo, tá, na verdade tem uns meses! Não ache que eu sou louco ou algo assim mas a música que você estava ouvindo era tão boa e você parecia tão triste, era intrigante!
_Você quer saber o nome da música então, é isso? _admito que essa pergunta soou mais indignada do que eu gostaria mas parecia pouco e eu esperava algo melhor de um cara tão charmoso e fofo com toda essa vergonha e psicose, quem sabe pedir meu telefone.
_Não é só isso mas, eu não sei, se puder me passar, ficaria feliz.
_Ok, essa é minha música favorita dos últimos tempos então tem grandes chances de ser ela, vou colocar e você me diz se é, caso contrário, eu troco até acharmos!
Aumentei o volume mas fui surpreendida com o espaço vazio na minha frente, voltei a encará-lo e torci o nariz em uma careta que queria dizer "desculpe mas vou ter de arrancar" então coloquei o carro em movimento. Felizmente, era uma sexta-feira pavorosa e o trânsito não havia andado muito, coloquei a música no máximo, desafivelei o cinto para me equilibrar no banco do passageiro e coloquei o rosto para fora procurando pelo motorista misterioso, a fila dele andou e ele estava a uma distância não muito grande então ergueu o polegar de forma positiva indicando que aquela era mesmo a música.
_Então, ...., nome? _ele havia gritado mais alguma coisa mas fomos cortados por um motociclista apressado buzinando como se estivesse atravessando a marginal Tietê em São Paulo.
_O que?! _gritei em resposta, afinal de contas, estava faltando um pedaço na frase!
_Eu disse.... _ele tentou responder mas, bom, uma buzina atrai a outra e o caos logo foi instaurado. Um motorista babaca havia interpretado o volume alto que saia do meu carro como uma afronta e estava quase quebrando o próprio botão de volume tentando enfiar um rap mal escrito nos ouvidos alheios. Esse conjunto de desgraças me irritou tanto que decidi descer do carro.
"Sua maluca, o que está fazendo?" e "Mocinha, você não pode largar seu carro ali" são frases que posso escrever aqui sem ter de censurar meu relato -afinal, quem dirige afobado no happy hour da sexta usa palavras de baixíssimo calão, felizmente, a melhor frase que ouvi posso escrever sem medo...
_Eu posso ser o psicopata mas a doida definitivamente é você! O que você está fazendo?_me perguntou o moço da gola V enquanto batia a porta de seu carro em suas costas.
_Você disse que queria conversar e com a bagunça ali na frente estava impossível! _respondi como quem conta sobre o que havia almoçado na lanchonete da esquina.
_Tem razão, bons argumentos! _ele riu meio envergonhado em meio a xingamentos e buzinadas. 
_DE QUE DIABOS NOS ADIANTA ENTRAR NO CARRO SE O TRÂNSITO ESTÁ PARADO? _respondi em gritos para os motoristas que buzinava e faziam sinais de dentro de seus veículos, nenhum se deu ao trabalho de responder ao meu coelho (é uma história engraçada que conto outro dia, o que vocês precisam saber é que mostrei o dedo médio para todos aqueles velhos engravatados, vermelhos de tanta raiva) então se contentaram em subir seus vidros e a encarar meu carro abandonado no meio da pista -que não andava antes que vocês me achem uma delinquente.
_Aquele cara está ameaçando bater na sua traseira, fica com o meu cartão, você me liga e a gente sai, o que acha? _ele me estendeu um cartão um tanto quanto amador que indicava o fato de que ele era estagiário na redação de um jornal qualquer e pouco conhecido. Peguei o cartão com cuidado por entre os dedos e fiz que sim com a cabeça. 
Me virei para voltar para o meu carro -e encarar o mal humorado que rosnava- mas fui interrompida por um leve puxão no antebraço. Minha reação foi parar de forma brusca para xingar o infeliz que se deu o trabalho de descer do próprio carro para me dar um sermão mas era só o tal jornalista, ele estava novamente com os olhos arregalados, a garganta travada, lábios trincados mostrando a necessidade de dizer alguma coisa e então ele simplesmente me puxou para perto, apoiou as mãos na minha cintura e me beijou.
Nos primeiros segundos, fiquei com vontade de empurrá-lo para longe e mostrá-lo meu anel de coruja bem de pertinho mas acabei correspondendo, não havia nada a perder, o sinal abriu, alguns carros conseguiram passar e o homem que estava parado atrás do meu Mini podrinho agora urrava de raiva, tornando o momento ainda mais divertido. Me soltei dos braços do moço bonito parado na minha frente que me encarava de forma abobada -acho que ele esperava pelo soco, devia ter dado- e voltei em passos largos e, até meio saltitantes, afivelei meus cintos, voltei para a música que havia iniciado tudo aquilo, mostrei novamente o dedo para o ranzinza que jogava luz alta em meus olhos e acelerei de forma desnecessária para quem iria virar na próxima esquina. 
Nunca mais esbarrei com meu admirador em um trânsito tumultuado de sexta-feira mas ainda carrego seu cartão na carteira, liguei uma vez -não logo em seguida ao ocorrido mas em um sábado abafado duas semanas depois- depois disso ele quem me ligava, nos encontramos mais algumas vezes, não por acaso e não em ruas movimentadas mas isso fica para outra hora -à parte da história do coelho..."

Pois é! Digamos que me deu uma certa saudade do "cara do Ká" agora que faltam apenas 100 dias para o final do desafio (e quando estávamos prestes a comemorar os 100 primeiros dias de blog ele havia aparecido em uma quinta-feira tediosa para socar o volante e me ver dançar) então me pareceu justo lembrar dele hoje e escrever esse textinho bobo com coisas que eu, definitivamente, não faria! Com exceção da escolha do carro, eu não tomaria nenhuma dessas atitudes, incluindo aquelas que parecem ofender a moral da sociedade -mas me inspirei em uma fechada de cruzamento que presenciei esta tarde- e acabou que criei duas novas personagens, menos complicadas e aprofundadas que Ella e Ben mas que me renderam alguns sorrisos e me parece um bom meio de comemorar minha pequena conquista de não ter largado o desafio até aqui (mesmo com o ENEM batendo na minha porta).
Muito obrigada a todos que me acompanharam até aqui -e um coelho para aqueles que abandonaram meu blog, ok? hahaha brincadeira! Uma ótima noite para todos vocês mas agora eu tenho mesmo que ir dormir porque amanhã é o dia que tanto esperava: vou passar, oficialmente, em biologia e então poderei dar as costas para a professora que tanto me odeia.
I know my call despite my faults and des...pite...my growing....shit!!!!

PS: Acreditam que tive de abrir o calendário para me certificar de que outubro ainda não havia acabado antes de postar a frase do mês?
PS²: Escolhi minha playlist! Aqui estão as músicas que irei cantar no Intervalo Musical do colégio dia 14 de novembro:







(bateristas são tão fucking cool .... não é nessa versão que iremos tocar, vai ser algo mais acústico mas ainda assim vai ser perfeito)

PS³: Ia me esquecer de contar!! Chegaram aventais lindos no Comics hoje a tarde e eu não resisti em pegar o do Homem de Ferro -porque é a cara da riqueza, sem mais hahaha- e comecei a falar mal dos "recalques" e a dançar com meu avental falando coisas como "sambando na cara do reclaque", "dançando gangngam style na sua cara" até que cheguei na porta do café e falei "fazendo stomp na sua cara" sem me dar conta de que o vizinho estava parado na porta (fumando! Desejando silenciosamente a minha morte!! Exagero mas tudo bem) e quanto eu terminei meu stomp maravilhoso, ele perguntou "como é que é?" e começou a bater a perna! Nem respondi mais nada, só falei que o vermelho era reflexo do avental e me enfiei para dentro do café -onde sambei na cara dele, sem ele ver.
PS²+²: Meu avental maravilhoso, por favor:


PS²+³: 23:59 -publicar!

Um comentário:

  1. Adorei o conto, tem um tom mais leve e divertido do que aqueles protagonizados por Ella e Ben, mas tão encantador quanto! Ah, também adorei o avental :D

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